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54% dos trabalhadores no vermelho: como organizar finanças e carreira

Mais da metade dos trabalhadores brasileiros 54% não consegue fazer o salário durar até o fim do mês. É um dado duro, mas ainda mais revelador quando cruzado com outra informação do Banco Central

Mais da metade dos trabalhadores brasileiros — 54% — não consegue fazer o salário durar até o fim do mês. É um dado duro, mas ainda mais revelador quando cruzado com outra informação do Banco Central: quase 10% da renda das famílias vai só para pagar juros de dívidas. Em bom português: uma parte relevante do que se ganha não compra nada, apenas financia o passado.

Hoje, quase 78% das famílias brasileiras estão endividadas, segundo a CNC. Para muitas delas, o salário já nasce comprometido com o rotativo do cartão, cheque especial ou parcelamentos. E, em média, cerca de 10% da renda mensal é consumida apenas pelo pagamento de juros, segundo o Banco Central. É a famosa corrida de cachorro atrás do próprio rabo: a dívida cresce mais rápido do que a capacidade de pagamento, e sobra pouco espaço para emergências, projetos de vida ou patrimônio.

O Brasil carrega hoje uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Para as famílias, isso significa que o crédito — quando acessível — é caro. Em 2025, o juro médio do cartão de crédito rotativo ultrapassa 400% ao ano. Na prática, cada R$ 100 não pagos viram mais de R$ 500 em apenas 12 meses. O resultado disso é preocupante e já atinge milhões de brasileiros que, mês após mês, veem o salário escorrer pelos dedos antes do calendário virar.

Esse cenário cria um paradoxo: quem mais precisa de crédito é quem mais paga caro por ele. O acesso restrito e os juros elevados tornam o consumo financiado uma armadilha. Um eletrodoméstico ou uma conta médica parcelada rapidamente se transformam em dívidas impagáveis.

A raiz do problema vai além dos números. A falta de educação financeira ainda é um obstáculo enorme. O brasileiro médio não é ensinado a diferenciar dívida "boa" (voltada para investimento ou geração de renda) de dívida "ruim" (consumo imediato). Tampouco há estímulo para planejamento de longo prazo, reservas de emergência ou aposentadoria. O resultado é um ciclo de improviso: trabalha-se para pagar dívidas, mas não para construir futuro.

O Brasil cobra caro por cada deslize financeiro.

E não é só uma questão de planilha: é emocional. Quem vive apagando incêndio financeiro convive com ansiedade, noites mal dormidas, discussões familiares. Não à toa, dinheiro é um dos maiores gatilhos de brigas, separações e, em situações extremas, violência doméstica. É quando a fatura deixa de ser apenas bancária e passa a ser social.

E como se não bastasse o peso dos juros, existe a pressão invisível das vitrines digitais. O marketing de influência e a propaganda criaram um manual de pertencimento: vista essa marca, viaje para aquele destino, poste o prato do restaurante certo. Para muitos jovens, dizer "não" a esse consumo é o mesmo que aceitar a exclusão. É difícil resistir quando a moeda de troca é a aceitação social. O problema é que esse pertencimento tem juros mais altos que qualquer cartão de crédito.

Em um país onde o trabalhador perde 10% do que ganha só em juros está condenado a produzir frustração e não prosperidade.

Romper esse ciclo exige mais do que calculadoras financeiras. Precisa de crédito justo, renegociação possível e educação financeira desde cedo. Porque controlar o orçamento não é só sobre pagar contas: é sobre garantir autonomia, evitar conflitos, preservar saúde mental e construir escolhas de futuro.

Enquanto nada muda, 54% seguem presos no mesmo círculo vicioso: salário curto, juros altos, futuro em stand by. A diferença entre rodar sem sair do lugar e finalmente avançar está em buscar orientação financeira. Não é luxo: é a chave para sair da roda dos ratos.

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